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Paulo Fatela

Blog sobre artes, ofícios, paixões e diversas questões

Paulo Fatela

Blog sobre artes, ofícios, paixões e diversas questões

Curriculum (1995 a 2016) ... a propósito dos 20 anos de atividade

 1995

Participação no cortejo etnográfico de Coruche.

Produção de Brasão da Vila (flores naturais).

Ornamentação floral da Aviflora – exposição de aves e flores, em Coruche.

2000

Decoração de montras (estabelecimentos comerciais em Coruche).

Ornamentação floral de igrejas.

Decoração de stands e eventos da Associação de Defesa do Património de Coruche.

2001

Primeira exposição na qualidade de artesão, no edifício da Junta de Freguesia de Coruche, denominada “Massa com Feijão” (coleção de peças decorativas, cujos materiais utilizados foram essencialmente cereais e massas).

Participação na Semana da Cultura na Vila do Couço.

Mostra coletiva de Artesanato nas festas em honra de N.ª Sr.ª do Castelo.

Organização e participação na exposição colectiva “CORART – 1.º Salão de Artesanato da Freguesia de Coruche”, expondo, com mais expressão, arranjos florais (executados em diversos materiais: papel, vides e verniz) e peças em latão e zinco.

2002

Fundação da Associação de Artesanato CORART – Associação de Artesanato de Coruche, na sequência do Salão de Artesanato da Freguesia de Coruche, tendo desenvolvido/organizado e participado em inúmeras atividades, na qualidade de artesão, ao nível de arranjos florais (flores em papel), pintura em madeira, peças em latão e zinco, das quais destaco:

Feira Internacional do Artesanato (FIA), Parque das Nações, Lisboa (dois anos consecutivos); Feira do Artesanato (Braço de Prata);

Feira dos Frutos Secos (Torres Novas);

Festas Populares de Coruche (três anos consecutivos);

Feira Medieval de Coruche;

Feira do Largo, Coruche;

Programas RTP 2 “Iniciativa” e RTP 1 ”Praça da Alegria”.

Participação nos núcleos “Saberes, Cores e Sabores”, “Vi Coruche”, “Imagens e Caminhos” e “Comeres de Coruche”.

Organização e conceção do Cortejo Etnográfico e do Trabalho e exposição “Símbolos” no âmbito das Festas em Honra de N.ª Sr.ª do Castelo.

2005

Organização e frequência de curso de pintura em madeira, com a formadora Ana Dickinson.

2002 a 2006

Presidência da Direção da CORART.

2007

Execução de duas coleções de Peças de Artesanato, uma denominada “Sabores do Toiro Bravo” (pintura em têxtil, madeira e cerâmica) e outra “Presépios de Coruche”, apresentadas respetivamente na Esplanada do Café Del Rio e nas instalações da Caixa Geral de Depósitos, ambas em Coruche.

Obtenção da Carta de Artesão, relativamente a pintura em madeira, flores artificiais e peças em latão.

2008

Início de uma rubrica sobre Artesanato no Jornal de Coruche: “Artesanato em Coruche” (visando a divulgação dos artesãos locais).

Início do blog “http://www.paulofatela.blogs.sapo.pt” para divulgação das peças produzidas, bem como de atividades associadas ao artesanato.

Exposição com a coleção de peças de artesanato “Sabores do Toiro Bravo” na Foto Cine e Praça de Toiros, em Coruche.

Decoração e exposição no stand do Jornal de Coruche, aquando das Festas em Honra de N.ª Sr.ª do Castelo (Exposição Imagens de N.ª Sr.ª do Castelo, pintura em madeira).

Exposição “Aqui está Coruche”, em Outubro, no Restaurante Mira Rio, em Coruche.

Organização e participação na  Mostra de Presépios nas montras do comércio no centro histórico da Vila de Coruche.

2009

Participação na mostra de artesanato “Sabores do Toiro Bravo”.

Noite dos Museus – Museu Municipal de Coruche, restaurante Mira Rio.

Festas da cidade – Almeirim.

Participação na Conferência Internacional “Criatividade – Um Desafio Permanente”, org.: CEARTE – Coimbra.

Inicio do projeto “Livro – Mãos com Alma – artes e ofícios em Coruche”.

2010

Execução de peças para:

Torneio de Patinagem Artística – Coruche’10;

Festival de Folclore “António Neves” integrado nas Festas em Honra de N.ª Sr.ª do Castelo;

Encontro de Governadores Civis a nível nacional (ofertas).

Participação em:

Mostra de artesanato do evento “Sabores do Toiro Bravo”;

Feira Internacional do Artesanato (FIA);

“O Comércio sai à Rua”;

“Um dia Solidário”;

Presépios no edifício dos Paços do Concelho, Coruche.

Início de rubrica de artesanato no Jornal Lezírias – “Mãos com Alma”.

Participação no Fórum de Artesanato, integrado na FIA.

Decoração do stand do Município de Coruche nas Festas em Honra de N.ª Sr.ª do Castelo.

2011

Colaboração no Jornal Lezírias – rubrica “Mãos com Alma”.

Participação na atividade do Museu de Arte Popular “Mercado da Primavera – Os Nossos Bonecos” com a colecção “Bonecos – presente com passado”.

Participação na mostra de artesanato Sabores do Toiro Bravo e FICOR – Feira Internacional da Cortiça (Coruche).

Decoração do stand da Câmara Municipal de Coruche – Festas em Honra N.ª Sr.ª do Castelo.

Participação no Fórum de Artesanato – FIA (Feira Internacional do Artesanato).

Participação na IBERIONA – VI Encontros de Artesanato Ibérico, cuja temática central foi “Artesanato no Século XXI: Paradigma Reencontrado”, na cidade do Porto.

Participação em exposições  de artesanato no “Comércio Sai à Rua”, Coruche, Posto de Turismo do Montijo e Igreja da Misericórdia de Coruche.

2012

Exposição “Os Pastorinhos”, no salão nobre da Caixa de Crédito Agrícola de Coruche.

Participação na mostra de artesanato dos Sabores do Toiro Bravo com a coleção “Era uma vez uma coruja…”.

Participação no programa da RTP 1 “Portugal no Coração”, no âmbito da promoção dos Sabores do Toiro Bravo.

Participação  no Fórum de Artesanato – FIA (Feira Internacional do Artesanato). “Internacionalização do Artesanato Português”

Decoração do stand da Câmara Municipal de Coruche – Festas em Honra N.ª                                                                 Sr.ª do Castelo.

Participação no programa da RTP1 “Verão Total”, no âmbito da promoção de   Coruche.

Participação em exposições  de artesanato no Posto de Turismo do Montijo e   Galeria Municipal de Coruche.

2013

Participação no workshop de pintura e desenho – “ O Sobreiro e a Paisagem do Montado”

Participação na mostra de artesanato “Sabores do Toiro Bravo” e FICOR – Feira Internacional da Cortiça (Coruche).

Conceção e execução da exposição “Senhora Cortiça”.

Participação no programa da TVI “Somos Portugal”, no âmbito da promoção da FICOR.

Coordenador do projecto “Envolvências Locais” no âmbito da bienal de artes plásticas de Coruche, envolvidos 33 artistas (amadores e profissionais) .

Autor de 3 intervenções artísticas – bienal de artes plásticas de Coruche “Espanta-espíritos”; Colcha; Taleigos, as duas últimas contaram com a participação de 300 colaboradores.

Exposição coletiva de pintura, salão nobre na Caixa de Crédito Agrícola, no âmbito da bienal de artes plásticas de Coruche.

2014

Apresentação do livro “Mãos com Alma – artes e ofícios tradicionais em Coruche”, no futuro núcleo agrícola em Coruche.

Conceção e execução da exposição “Mãos com Alma – artes e ofícios tradicionais em Coruche”, na galeria municipal (mostra de 87 peças visadas no livro e, 17 fotografias de autor integradas no livro).

Participação no programa da RTP1 “Praça da Alegria”, no âmbito da divulgação do livro “Mãos com Alma”.

Associado da Associação de Artesãos da Região de Lisboa.

Participação na exposição “Arte com Pessoa” - Mercado das Artes – Lisboa

Participação no concurso “Tronos de Santo António” - organizado pela AARL – em Atrium Saldanha – Lisboa.

Exposição de peças no espaço “MDesign” - Coruche.

“Menção Honrosa” no concurso de “Tronos de Santo António”.

Participação nas exposições do colecionador Mário Coelho “Santo António e o Menino” - Basílica da Estrela – Lisboa e “Tronos de Santo António” - JF de Alcântara – Lisboa.

Participação no concurso  “XXIX Concurso de Presépios” - organizado pela AARL,  em Rua Augusta– Lisboa.

Participação na exposição coletiva de arte no âmbito da inauguração da “Casa da Gente” - Coruche.

Conceção e execução da coleção “Lovely Family - presépios”

Exposição da coleção “Lovely Family – presépios” na loja MDesign - Coruche

2015

Conceção e execução da coleção “Lovely Stº António”

Participação no concurso “Tronos de Santo António” - organizado pela AARL – em Atrium Saldanha – Lisboa.

Exposição de peças no espaço “MDesign” - Coruche.

Execução de imagem de Nª Srª do Castelo – evento “MORAL SIM”

Coordenação do projecto “Envolvências Locais” no âmbito da bienal de artes plásticas de Coruche.

Autor da  intervenção artística – “Vestida de Lobeira”, 450 colaboradores, 20 instituições.

Participação no programa da RTP1 “Agora Nós”, no âmbito da divulgação da Bienal de Artes”.

2016

Inicio do blog (http://coruche.blogs.sapo.pt) “Coruche à Mão” sobre artes e ofício tradicionais de Coruche.

Conceção e execução da coleção “Lovely – Nª Srª do Castelo”.

  

 

Chocalho é Património Cultural Imaterial

"A arte chocalheira já é Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, título atribuído pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Candidatura foi aprovada em poucos minutos, sem qualquer objecção.

A decisão foi anunciada às 14h20 (hora de Lisboa) desta terça-feira pelo Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património, que está reunido em Windhoek, capital da Namíbia, para enorme júbilo da delegação portuguesa presente na sala da conferência, chefiada por António Ceia da Silva, presidente do Turismo do Alentejo, e integrada pela embaixadora de Portugal, Helena Paiva. Os chocalhos, que se ouviram na sala para festejar, criam "uma paisagem sonora característica", disse a UNESCO.

A candidatura do fabrico de chocalhos, instrumentos usados para localizar e dirigir os rebanhos, foi liderada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERT), em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas. 

Com “alegria e emoção”, foi assim que o presidente da ERT recebeu a classificação do fabrico de chocalhos como Património Imaterial. A decisão da UNESCO, tomada em apenas cinco minutos, foi festejada de imediato pelos membros da delegação portuguesa. "É mais uma grande vitória para o Alentejo, para as nossas tradições, para aquilo que mais é valorizado na nossa identidade”, disse António Ceia da Silva logo após a aprovação da cadidatura portuguesa, considerada pelo comité de avaliação da UNESCO como “modelo”.

O responsável pelo Turismo do Alentejo acrescenta tratar-se de uma “vitória para Portugal", com grandes repercussões para a região enquanto destino turístico. “Hoje temos um perfil de turista diferente, que procura cada vez mais os valores diferenciadores em cada território, e nós temos trabalhado para isso. Conseguimos o ano passado o reconhecimento do Cante Alentejanopela UNESCO e conseguimos hoje o Fabrico de Chocalhos”, disse.

 
 
 João Manuel Santos, mestre chocalheiro, Bragança
AUGUSTO BRÁZIO
 
Ceia da Silva acrescentou que, agora, “há um conjunto de obrigacões, nós somos responsáveis pelo plano de salvaguarda” da arte chocalheira. 

A decisão da UNESCO deixou satisfeitos também os autarcas alentejanos que integraram a comitiva portuguesa na capital da Namíbia. O presidente da Câmara de Viana do Alentejo recebeu o anúncio da aprovação da candidatura com “emoção e alívio pelo fim da ansiedade”. Bernardino Bengalinha Pinto disse ao PÚBLICO estar “muito contente pelo resultado, sem objecções, por ser uma candidatura exemplar” e esperar que o selo da UNESCO “contribua para o desenvolvimento do concelho de Viana do Alentejo”. O autarca enviou também “uma palavra especial para os chocalheiros, porque, sem eles, isto não acontecia”.

Já a presidente da Junta de Freguesia de Alcáçovas salientou que a aprovação da candidatura foi “o culminar de um trabalho” mas também o início de um novo ciclo. “Hoje foi o primeiro dia do resto das nossas vidas, é o começo. Agora temos que pegar nesta grande riqueza que os nossos antepassados nos deixaram e dinamizarmos o que aqui ficou”, disse Sara Pajote. A autarca alentejana garantiu ainda que não quer que esta actividade “volte a chegar ao ponto que chegou, de ter necessidade de uma salvaguarda urgente”. E acrescentou: “Agora é dinamizar, tentar que [aqueles mestres chocalheiros que lá estão] impulsionem outros a continuar esta arte.”

O director do Museu Nacional de Etnologia (MNE), Paulo Ferreira da Costa, congratulou-se com a classificação agora feita pela UNESCO. “Trata-se de uma decisão importantíssima", disse o responsável ao PÚBLICO, pouco tempo após a decisão anunciada na Namíbia.

Tendo assumido a direcção do MNE no passado mês de Março, Paulo Ferreira da Costa disse não ter conhecimento de que a instituição tenha sido ou não solicitada a intervir no processo da candidatura. “Mas o que é fundamental é a garantia, que a classificação agora dá, de que este património se manterá no futuro”, notou o director, estabelecendo um paralelismo com os outros bens classificados pela UNESCO e considerando que este “é um excelente instrumento para chamar a atenção pública para a necessidade de salvaguardar esse bem patrimonial”.

É a primeira vez que Portugal inscreve um bem cultural na lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.

Sobre a intenção dos responsáveis pela candidatura alentejana,nomeadamente Ceia da Silva, da ERT, de apostar na oferta turística e no artesanato como forma de salvaguardar esta arte que já não desempenha as funções utilitárias de outrora, Paulo Ferreira da Costa acha que essa não deverá ser “a única solução”. “Uma tradição deve ter um papel social, económico e também simbólico na sociedade que a produz”, diz, lembrando que a própria UNESCO tem vindo a alertar para que "o turismo, muitas vezes, pode ser prejudicial à perpetuidade de certos bens e culturas”.

“Diria que tem de haver um equilíbrio muito grande entre a promoção turística e também as utilizações que possam preservar e dar continuidade à função social e cultural” de um bem como a arte chocalheira.

Segundo a comissão científica da candidatura a património da humanidade, coordenada pelo antropólogo Paulo Lima, trata-se de uma arte iniciada há mais de dois mil anos - é possível encontrar chocalhos celtiberos do século I a.C. que são idênticos aos feitos actualmente - mas que agora está em risco de extinção. O fabrico tem uma dimensão nacional, mas a candidatura baseou-se num trabalho técnico e científico à volta da arte chocalheira da freguesia de Alcáçovas, centro do fabrico de chocalhos no país.

O senhor candidatura

Coordenador científico da candidatura dos chocalhos, o antropólogo Paulo Lima, esteve em todas as candidaturas portuguesas a património imaterial da UNESCO. Integrou a comissão executiva da candidatura do fado e foi o coordenador científico da do cante alentejano. Foi o pai da ideia da candidatura da arte chocalheira, mas gosta de partilhar essa paternidade: “A ideia foi minha, foi da Ana Pagará [actual directora do Mosteiro de Alcobaça], e juntámos uma pequena equipa que trabalhou durante algum tempo e que teve depois a generosidade da Entidade de Turismo do Alentejo para podermos instruir o dossier”, disse ao PÚBLICO.

Segundo o antropólogo, a equipa científica, que integra também o professor Jorge Freitas Branco, “percebeu” que o chocalho é “interessante não apenas pelo objecto em si, mas pelo que representa, pela necessidade de preservação urgente”. Freitas Branco contou que a sua ligação à arte chocalheira se iniciou há uma década quando, como orientador de um doutourando, sugeriu os chocalhos como tema.

O fabrico de chocalhos é uma arte milenar que tem no território alentejano a maior expressão a nível nacional, especialmente em três municípios, Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, e com destaque para a freguesia de Alcáçovas.

O seu fabrico, refere o dossier de candidatura, é uma actividade metalúrgica associada essencialmente à pastorícia: "O chocalho português é um instrumento de percussão (idiofone) munido de um só batente interno. Este instrumento funciona da mesma maneira que um sino, e é habitualmente suspenso no pescoço dos animais com a ajuda de uma correia em couro. Este objecto está estritamente associado ao pastorícia, pois é utilizado pelos pastores para localizar e dirigir os rebanhos. A crença diz que este instrumento tem poderes protectores e mágico-religiosos. Os chocalhos criam uma paisagem sonora única e característica, de uma beleza rara, que procura um sentimento intemporal de bem-estar."

O plano de salvaguarda

A inscrição do fabrico de chocalhos na Lista do Património Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente implica um Plano de Salvaguarda, uma espécie de “caderno de encargos" que visa reverter a tendência de desaparecimento desta arte, garantindo a transmissão do saber-fazer e a sustentabilidade futura da actividade. Nesse capítulo, a candidatura portuguesa propõe um conjunto de medidas para promover o ensino do ofício, sendo a mais imediata a celebração de um protocolo, que está em preparação, com o Estabelecimento Prisional de Beja para que um mestre chocalheiro dê formação aos reclusos.

Criar um centro de interpretação da pastorícia e da metalurgia tradicional, em Alcáçovas, encorajar e criar viabilidade económica para esta actividade, promover a sua protecção jurídica e incentivar a investigação académica são os outros pontos principais do plano de salvaguarda apresentado no dossier português.

Uma candidatura que o relatório da UNESCO considerou preencher todos os critérios técnicos (cinco ao todo). Primeiro, porque o fabrico de chocalhos é uma “tradição” passada entre gerações, proporcionando um “sentimento de identidade e continuidade histórica” que permite às comunidades locais perceber essa arte como uma “herança cultural colectiva”. Depois, trata-se de um elemento em “perigo iminente” de extinção, pois a produção está hoje limitada a “menos de dez locais, incluindo Alcáçovas, centro dessa prática com quatro fabricantes em actividade”. Escreve-se também que o Plano de Salvaguarda proposto pela candidatura “responde às ameaças identificadas”, incluindo medidas concebidas em estreita colaboração com os agentes do sector, as comunidades e instituições envolvidas, “demonstrando forte potencial para melhorar a viabilidade do elemento de interesse e o rejuvenescimento no fabrico de chocalhos”.

O relatório de avaliação confirma que a instrução do processo da candidatura portuguesa “pode servir de modelo” pelo envolvimento dos agentes ligados a esta arte, que concordaram com a nomeação de forma livre, prévia e informada. Por fim, relativamente ao último critério, é confirmado que os chocalhos cumprem também o requisito de serem um elemento catalogado. “Está registado e detalhado num catálogo de inventário de Viana do Alentejo”, lê-se no documento.

O comité da UNESCO termina este relatório com um convite a Portugal, como Estado membro, a ter um “cuidado especial” para garantir a continuidade dos significados culturais do fabrico de chocalhos, “evitando as possíveis consequências não intencionais” do plano de salvaguarda, como, por exemplo, a excessiva exploração turística."

Com Sérgio C. Andrade, in Público