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Paulo Fatela

Blog sobre artes, ofícios, paixões e diversas questões

Paulo Fatela

Blog sobre artes, ofícios, paixões e diversas questões

Porque hoje faço 55 anos de idade!!!

 

 

Frequentei um jardim-de-infância, local onde se faziam vários trabalhos manuais, tenho memória de uma freira, irmã Lúcia, e de ter feito uma caixa em ráfia e uma girafa em cordel.

Mais tarde percebi a razão de nunca me ter esquecido dessa figura e das peças.

No ciclo preparatório a minha disciplina preferida era “Desenho e Trabalhos Manuais”.

Os meus pais decidem viver em Angola, tinha eu 10 anos de idade. Passei a pré-adolescência e adolescência entre a Metrópole e Angola. Após o 25 de Abril regressamos definitivamente a Portugal.

A vida nesse período foi vivida de forma dura, sobretudo para os meus pais, não tiveram disponibilidade de se concentrar em mim.

Fiz o liceu, o serviço militar, ingressei nos quadros da Câmara Municipal de Coruche, casei (tinha 22 anos de idade), fui pai aos 25 anos, e a vida foi se fazendo em função destas circunstâncias.

Em 1995, fui desafiado para desenvolver algumas atividades, em que era necessário ter alguma criatividade e habilidade de mãos, foi um desafio irrecusável, veio à memória a caixa de cartão e a girafa de cordel.

Terminado o desafio, verifiquei que não tinha músculo para gerir as coisas menos boas daqueles que estão em torno de nós.

Após uma pausa e já com alguma resistência, decidi apresentar uma coleção de peças decorativas, denominada “Massa com Feijão”, deu-me estímulo para continuar e fez-me perceber que ao desenvolver esta área seria uma pessoa mais feliz, e que me faria atravessar a vida com maior leveza.

Em 2001, participei numa mostra de artesanato em Coruche, sendo que verifiquei que 90% dos participantes não tinham ligação à minha terra, esse facto deixou-me curioso e inquieto.

Em Novembro de 2001, organizei um salão de artesanato em Coruche, para artesãos locais, que entretanto tinha descoberto. A dinâmica do projeto era divulga-lo ao máximo para houvesse conhecimento dele e para que outros se pudessem juntar a nós. Funcionou muito bem, iniciei com 8 artesãos, terminei com 18. Constatei durante a duração do salão (1 mês) que seria importante uma organização que dignificasse, estimulasse e divulgasse o artesanato em Coruche. Com o apoio de um pequeno grupo que formei, fundámos uma Associação de Artesanato (CORART – Associação de Artesanato de Coruche).

Vivi em estado de paixão, durante quase cinco anos, pelo projeto CORART, desenvolvi dezenas de atividades, locais e não só.

A paixão tomou conta de mim e fisicamente não resisti, fiquei doente e dei o “filho para adoção” – Associação de Artesanato de Coruche. Iniciei a Associação com 20 associados, quando saí erámos cerca de uma centena.

Após uma pausa para recuperação, retomei atividade individualmente e, também como colaborador de um jornal local, fiz durante muito tempo (até o jornal terminar) rúbricas de artesanato para promoção e divulgação dos n/ artesãos.

Individualmente desenvolvo várias coleções de peças úteis e decorativas, ao nível de pintura (madeira, cerâmica e têxtil), recortes em latão  e flores em papel. As coleções têm sempre como premissas símbolos de Coruche (Toiros, Corujas, Chita da Terra, Nª Srª do Castelo, e outros).

Após a experiência da Associação de Artesanato e da colaboração no jornal, entendi que seria útil registar em livro, para memória futura, aqueles que se dedicam ou dedicaram às Artes e Ofícios em Coruche.

Em 2009, iniciei a inventariação dos artesãos / artífices, decidi que seria interessante ter um registo fotográfico das peças, e desse modo solicitei a colaboração a fotógrafos para produzirem fotografia de autor, num paralelismo da arte pela arte.

Com a colaboração e o apoio de muitos, foi possível concretizar este projeto – Livro “Mãos com Alma – artes e ofícios e Coruche”.

Há poucas certezas na vida, contudo eu tenho uma, foi determinante o estímulo exercido pela irmã Lúcia, em mim, quando construi a caixa de ráfia e a girafa de cordel.

Tenho um amor, grande, pelo artesanato, pelos ofícios, pelas artes em geral.

 

Apresentação Livro e Exposição "Mãos com Alma" Praça da Alegria - RTP1

A mostra que desenhei para o programa, incide em dois eixos de identidade de Coruche:

Cortiça e Trajes Tradicionais.

Justificação:

1-A cortiça porque Coruche tem a designação de “Capital Mundial da Cortiça”. Coruche assume-se a nível concelhio como o maior produtor de cortiça, pois só de uma unidade industrial de Coruche saem diariamente 5 milhões de rolhas de cortiça para todo o mundo.

2-Trajes tradicionais, porque no seu todo engloba uma diversidade de usos e costumes que são uma mescla dos hábitos trazidos por colonos de outras regiões do País. Vinham principalmente das zonas da Figueira da Foz, Montemor-o-Velho e outras. Um elemento único é a saia do traje de trabalho das mulheres em que era usada uma chita designada como “chita de Coruche”.

Descrição:

A cortiça vamos encontra-la nos suportes expositivos e em peças artesanais (tradicionais e contemporâneas).

O Trajes tradicionais vamos encontrar como mote para apresentação de duas coleções, peças decorativas, genuinamente tradicionais (Bonecos – presente com passado) e de inspiração para bijuteria (construções em fimu e outros) numa vertente mais craft, considerando que se inspira no tradicional para utiliza materiais atuais.

O objetivo para além de mostrar a nossa identidade e provar de que é possível utilizar o passado para viver o presente e projetar o futuro.

Projeto 1

Bijuteria (peças em fimu e outros) – Helena Diogo “Coisas Minhas”, funcionária do Museu Municipal de Coruche (Mestre em Design de Comunicação). Artesanato e crafts apenas como hobbie.

Projeto 2

“Bonecos – presente com passado”, são bonecos com função decorativa, genuinamente artesanais quer ao nível da execução quer dos materiais, todos os materiais são tradicionais. As peças são constituídas por uma estrutura em ráfia (material utilizado nas atividades agrícolas) e vestidos com trajes tradicionais, acessórios e utensílios (anos 30/40).

Conceção do projeto e construção das estruturas em ráfia e utensílios – Paulo Fatela

Execução de trajes – Leonor Pereira

Execução de acessórios e montagem das peças – Clotilde Fatela

Bordados – Marlene  Pereira

(Este projeto pode ser visualizado no blogue : http://www.paulofatela.blogs.sapo.pt  (post Abril 2011)

Irá ser apresentado por Clotilde Fatela, funcionária administrativa da Câmara Municipal de Coruche, a atividade de artesanato é apenas hobbie, a venda destes produtos podem acontecer pelo blogue ou pontualmente em mostras de artesanato.

Projeto 3

Peças diversas de estofadorLuís Conrado é jovem e desenvolve atividade recente nesta área. Luís Conrado, encontrou no “ofício / artesanal” quase em desuso,  a sua a atividade principal, procura inovar utilizando materiais atuais, nomeadamente a pele de cortiça. Tem oficina numa localidade denominada como Foros do Frazão – Coruche.

Projeto 4

Figurado em cortiça – Numacomponente de utilização de cortiça no artesanato genuinamente tradicional, Dinis Azevedo, reformado há alguns anos, dedica algum do seu tempo a executar figurado em cortiça. As peças que produz retratam a sua realidade,  a sua ruralidade ( a matança do porco, o machado a tirar a cortiça, etc), também produz alguns elementos simbólicos do concelho de Coruche (uma das sete pontes por exemplo).

Os suportes expositivos serão pranchas de cortiça (2 na horizontal e 2 na vertical), 2 das pranchas deverão ficar sobre uma mesa (levarei pano crú, por ser uma cor neutra, para colocar na mesa). A mesa será usada para mostra dos 4 projetos, sendo que uma prancha na vertical funcionará como expositor dos “Bonecos – presente com passado” e a outra para o traje tradicional, à escala real.

Paulo Fatela

 

 

Momento da transmissão da reportagem sobre a exposição "Mãos com Alma - artes e ofícios tradicionais em Coruche"com depoimentos da Vereadora da Cultura - Célia Ramalho; Artesãs - Manuela Mesquita; Eunice Silva e Marlene Pereira e do Artesão - José Tanganho.

 

 

Entrevista sobre o livro "Mãos com Alma - artes e ofícios tradicionais em Coruche"

 

 

Apresentação das peças do estofador - Luís Conrado

 

 

 

Apresentação das coleções de:

Paulo Fatela; Clotilde Fatela; Marlene Pereira e Leonor Pereira - "Bonecos - presente com passado"

Helena Diogo - Bijuteria - "Coisas Minhas"

 

 

O grupo que participou na mostra de artesanato:

Dinis Azevedo - Artesanato Tradicional - Figurado em Cortiça

Luís Conrado - Estofador

Helena Diogo - "Coisas Minhas"

Clotilde e Paulo Fatela "Bonecos - presente com passado"