Artigo "Mãos com Alma" na integra, considerando que o publicado no jornal omitiu a nota biográfica da visada - Artesã - Lina Fernandes
“Mãos com Alma”
Artesanato – Arte Popular
Paulo Fatela / Artesão
“Mãos com Alma” é um espaço de divulgação/promoção do ARTESANATO, surge com o mesmo objectivo da rubrica “Artesanato em Coruche”, a qual esteve integrada no “Jornal de Coruche”. Na rubrica “Artesanato em Coruche” foram visados vinte e oito Artesãos e publicados vários artigos sobre actividades relacionados com Artesanato. Pretende-se, aqui no “Jornal Lezírias”, para além de dar a conhecer ou a conhecer melhor os Artesãos com vínculo a Coruche, abordarmos, também, não de forma exaustiva, algumas temas subjacentes ao Artesanato Tradicional e Contemporâneo/Urbano. Assim sendo, iniciamos com Artesanato Tradicional, “Lenços dos Namorados”, peças de amor. È obrigatório sentir AMOR pelo Artesanato e haver entrega, para que consigamos despertar mais e mais interesse por esta Arte Popular.
“Lenços dos Namorados”
A história dos Lenços dos Namorados remonta aos séculos XVII e XVIII, são símbolos maiores de histórias de amores e desamores, primeiro chamados Lenços Senhoris (porque terão surgido nos salões senhoris da época). Os lenços, quadrados de linho bordados a ponto de cruz a preto e vermelho, eram feitos por bordadeiras de classe social mais elevada.
É a partir deles que vão aparecer depois os Lenços dos Namorados, mais populares, com quadras de amor muito ingénuas e com erros ortográficos, face à linguagem oral minhota, policromáticos (o típico colorido minhoto), bordados a ponto-pé-de-flor e outros pontos mais simples que o ponto-de-cruz, com decoração menos geométrica e mais variada.
Estes lenços, que eram também um simples adorno quando usados à cintura das raparigas no seu trajo de festa, celebrizaram-se pelo compromisso amoroso que estava implícito.
Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do “namorado” ou “conversado” e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente ou não, que se decidia o início duma ligação amorosa.
Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos duma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade, etc.
Como é sabido, o Minho surge por excelência como a região de origem dos Lenços dos Namorados. Felizmente este património não foi esquecido e consegue estar entre nós graças sobretudo e em primeiro lugar aos incentivos institucionais locais e outros.
Não obstante a produção de Lenços de Namorados, ter efectivamente a sua maior expressão no Minho, ela surge uma pouco por todo o país, incluído Coruche.
Joaquina Mendanha, artesã de Coruche, apaixonada por bordados e pelos Lenços dos Namorados, tem incentivado outras bordadeiras a dedicarem-se à produção dessas peças, nomeadamente a visada nesta rubrica: Lina Fernandes.
Bibliografia:
Cunha, Mário Vilhena e Artesanal, Aliança – Lenços dos Namorados escritas de Amor – ano de edição 2005
Duraud, Jean Yves Lenços dos Namorados - Município de Vila Verde – ano de edição 2008
http://www.santosoficios-artesanato.pt/
Artesã: Lina Fernandes / Freguesia Coruche
Lina Fernandes, refere que sempre sentiu o gosto por bordados, e pelo requinte que esse trabalho manual encerra. Considera-se uma autodidacta, iniciou as primeiras peças de forma empírica, mais tarde foi aperfeiçoando a técnica através de ensinamentos administrados pela sua amiga, Joaquina Mendanha, mestre em costura e bordados.
Por iniciativa da amiga Joaquina, começou há já algum tempo a produzir “Lenços de Namorados”, fazendo réplicas de peças a que teve acesso, e fazendo outros usando a sua criatividade, mas mantendo-se, sempre, fiel ao tradicional, quer ao nível dos materiais quer das imagens.
Para além dos Lenços dos Namorados, borda sacos (taleigos), com a mesmas características, ou seja, usando o policromático nas linhas, o bordado a ponto-pé-de-flor, a mesmas imagem, mas numa base de tecido e algodão de cores diversas.
Associou-se à CORART- Associação de Artesanato de Coruche, para que dessa forma pudesse mostrar as peças e comercializá-las.
Através da Associação de Artesanato tem participado em mostras colectivas, nomeadamente na Feira Internacional do Artesanato em Lisboa.
Dimensão:0.32mx0.32m
Material utilizado: linho, linhas filoséle DMC
Ponto: ponto-pé-de-flor; ponto cheio; ponto caseado
Dimensão:0.31mX0.31m
Material utilizado: linho, linhas filoséle DMC
Ponto:: ponto-pé-de-flor; ponto cheio; bainha com ajour
Dimensão:0.28mX0.28m
Material utilizado linho, linhas Perlé (Âncora)
Ponto: ponto-pé-de-flor; ponto cadeia
Dimensão:0.28mX0.28m
Material utilizado: linho, linhas filoséle DMC
Ponto: ponto-pé-de-flor e ponto nozinhos
Saco (Taleigo)
Dimensão:0.16mX0.22m
Material utilizado: pano de algodão; linhas filoséle DMC
Ponto: ponto-pé-de-flor
Lina Fernandes, poderá ser contactada na CORART – Associação de Artesanato de Coruche – Largo João Felício – Coruche
Fotos por Paulo Fatela
Agradecimento: Joaquina Mendanha (cedência de matérias e local para produção fotográfica)